Esta é uma obra cujo título descreve bem a intenção do livro
inteiro. Um dos poucos volumes que já vendem de cara a proposta. Então se você
quiser entender melhor como a biologia procura explicar a natureza de nossas tendências
emocionais, eis um livro bom para isso.
Confesso que o li há muito tempo. Precisei rever algumas
partes para poder me lembrar do todo. Lembro que fui para o texto com muita
ansiedade, pois tinha visto uma referência a ele em outra obra (que não me
recordo qual era) que o havia citado. E nesta época, eu estava louco, fascinado
pelo estudo biológico do comportamento. Como a referência a ele era elogiosa,
não tive dúvidas. Fui procura este modesto livro.
Percebi então que a obra estava esgotada. Nenhuma livraria
tinha pra vender. Fui obrigado a procurar em sebos, e depois de alguns
esforços, consegui identificar uma que tinha o livro em estoque. Recebi depois
de algum tempo e não disfarcei minha impaciência. Fui ler.
A obra do zoólogo Matt Ridley se esforça bastante – mesmo que
eu ache que não tenha lá tido tanto êxito – em explorar o assunto de maneira ampla.
Aqui o autor vai descarregar uma boa dose de biologia, com direito a sociedade
de animais (sim, muitos insetos vão constar no capítulo) e como estas interações
funcionam. Não é uma leitura espetacular, mas é minimamente informativa.
Depois, a coisa se amplia.
Sua abordagem se concentra essencialmente na questão da
colaboração entre grupos e indivíduos, como sendo a base, a unidade mínima
sobre a qual vai repousar nossa inata tendência em ajudar este ou aquele grupo
ou indivíduo. É de praxe que um autor que trabalhe neste caminho venha a citar
questões lógicas como o dilema do prisioneiro, o custo da traição e da
confiança. E tem um capítulo só sobre isso. Adiante, vamos ter uma miscelânia
de exemplos e situações que o autor vai explorar, desde relações complexas
entre primatas até o comércio da sociedade moderna. Aliás o comércio é visto
como uma estrutura nitidamente solidária, onde a compra e a venda demonstram confiança
nos valores atribuídos às unidades de troca (dinheiros ou produtos) tanto por
quem compra como por quem vende. E neste pé a obra inteira se desenvolve.
Em determinado momento, o conceito individual de
solidariedade entre pessoas ou grupos vai se expandindo, e o autor percebe a
necessidade de falar sobre governos e minorias, e suas relações entre si e entre
seus componentes. A partir daqui não é mais possível ignorar algumas opiniões
gerais sobre política, e mesmo de forma apartidária, ele finaliza a obra adentrando
neste assunto.
Publicado pela Record, é um livro pequeno, com pouco mais de
300 páginas impressas em papel fosco, com fonte um pouco grosseira na minha
opinião. Não é um livro impressionante, divaga muito em certos momentos, o que
pode deixar o leitor menos atento com um sentimento de confusão. Apesar do
assunto bastante interessante, não é uma obra que vai ficar na sua mente por
muito tempo.
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