sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Breve história de quase tudo - do big-bang ao Homo sapiens



É muito pouco provável que uma obra de pouco mais de quinhentas páginas realmente consiga atingir o objetivo que seu título propõe. Bem, vejamos o que nosso caro Bill Bryson tem a nos contar.

Na verdade, seu livro trata do começo do mundo, de forma física, química e biológica, até chegar na espécie humana. Podemos enxergar que seu fascínio pelo tema de origens remonta a sua predileção por física, coisa que o autor não tenta disfarçar de jeito nenhum. Numa narrativa mista entre explicações de física e histórias de descobertas científicas relevantes para que pudéssemos começar a vislumbrar como tudo surgiu - desde as pesquisas das partículas subatômicas até os confins do cosmo através da astronomia - o autor se esforça para que entendamos as forças que agiram em todo o universo para que finalmente pudesse surgir um planeta como o nosso. Passeando pela física de partículas, matemática e relatividade, Bryson se sente muito confortável em criar uma narrativa que seja coerente e ao mesmo tempo ligue todas as pontas. Digamos que ele tem um razoável sucesso em atingir este objetivo.

Depois de sua retrospectiva sobre as propriedades da matéria e a dança cósmica vislumbrada pelos cálculos e observações astronômicas, chegamos então ao tempo do surgimento da Terra. Devo salientar que este livro é um dos poucos que dedicam boas páginas para um assunto que é literalmente profundo e enevoado em muitas incertezas. O autor apresenta diversas especulações - nenhuma fugindo das parcas evidências científicas disponíveis - sobre a formação da Terra e o que tem no seu centro, baseado em pesquisas geológicas e em uma boa dose de vulcanismo. Não é uma das leituras mais instigantes do mundo, mas tem lá seu valor.

Se estamos falando da Terra, é hora de abordar uma coisa que até o presente momento, só existe aqui. A vida. E para tratar deste assunto, Bryson recorre a um bocado de história e teorias. A origem da vida é um tema bastante rico, e o autor tem farto material sobre o qual pode discutir. Uma história aqui e ali para quebrar a tensão da narrativa explicativa, e temos um capítulo bem mais rentável. Não se surpreenda quando encontrar também uma boa dose de seleção natural e Charles Darwin. Tratar sobre a origem da vida sem recorrer a estes dois pode ser considerado até um sacrilégio para alguns leitores.

Agora então damos um novo salto, e chegamos ao fim do livro, sobre o surgimento da espécie humana. Aqui não foge muito à regra, quando o volume dedica páginas e páginas para nossos parentes e primos extintos, na sua incrível jornada por um mundo inóspito e perigoso, avançando estepe após estepe, enfrentando feras e novos humanos. No final, chegamos onde nos encontramos no momento que estamos lendo o livro.

Publicado pela Companhia das Letras, em um livro com uma curiosa capa preta, lilás, vermelha e azul (e páginas margeadas de azul também), a obra fez um considerável sucesso na época de seu lançamento, mas hoje parece ter caído em certo esquecimento. Bill Bryson é um autor experiente, e sua narrativa não é ruim. Bem recheada de referências científicas, sua obra conta uma narrativa mais comum sobre a origem do universo, da terra e da vida. Uma leitura que não é espetacular, mas não deixa de ser boa.

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